Moçambique tem uma proporção importante de mulheres com nascimentos fora de casamento ou união e esse facto pode estar ligado ao baixo uso de métodos modernos de contracepção por este grupo de mulheres. Com efeito, em 2007 a taxa de fecundidade não marital em Moçambique foi estimada em cerca de 3 filhos por mulher. Apesar deste nível de fecundidade não marital no país, há pouco conhecimento sobre os factores socioeconómicos que influenciam o uso de métodos modernos de contracepção pelas mulheres não unidas pois a maior parte de estudos existentes têm enfocado nas mulheres casadas ou unidas. Assim, este estudo usou dados de 2618 mulheres não unidas com informação completa sobre contracepção entrevistadas no Inquérito Demográfico e de Saúde de Moçambique 2011, para investigar a variação geográfica do seu uso de métodos modernos de contracepção e factores influentes. Constatou-se que cerca de 29% das mulheres não unidas consideradas neste estudo usavam algum método moderno de contracepção na altura do inquérito. O estudo encontrou também que o uso de métodos modernos de contracepção pelas mulheres não unidas varia espacialmente em Moçambique e os factores socioeconómicos individuais e contextuais contribuem para a criação dessas disparidades geográficas. Especificamente, constatou-se que factores individuais tais como a idade da mulher, o número de filhos tidos, o seu nível de escolaridade, o nível de riqueza do seu agregado familiar, a sua exposição às mensagens sobre o planeamento familiar e a sua percepção de distância em relação à uma unidade sanitária exercem uma influência significativa de sentido variado. Entre os factores contextuais, o estudo constatou que é sobretudo o contexto normativo sobre a fecundidade prevalecente na área geográfica de residência da mulher que exerce uma influência suprema sobre o seu uso ou não de métodos modernos de contracepção.